quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Bárbara Tarada

Estava uma friaca danada. Bárbara veio me dizer que estava afim do alemão da rua de baixo. Não parecia a mesma pessoa, sempre fora muito chata, isolada no seu mundinho de merda.

Passaram-se algumas semanas, e a vi comendo um negócio bem nojento, meio amarelo. Coisa que ela própria tinha nojo, e enchia o saco dizendo o tempo todo que não gostava de nada de queijo (tinha que ser mulher), nenhum tipo de massa, e nem abacaxi, banana e melão.

-"É presente dele" dizia de boca cheia e toda assanhada pensando no peitoral do alemão. O fogo era tanto que nem tinha visto o tamanho da merda que o cara fez em lhe dar aquele negócio. Depois de um tempo vi, que se o cara lhe desse 2 quilos de pudim de xixi, ela o comeria com voracidade, sem pensar duas vezes o que tinha no recipiente.

Dias se passaram e não ouvia mais falar de Bárbara. Só porque ela sumiu, fez um calor danado, e estava doido para ver a deliciosa Bábi (era como lhe chamava nos tempos de escola) de biquini na piscina que tinha nos fundos da minha casa. Mas apesar do clima propício pra uma tchuntchada, não a encontrava, sabia que estava em casa, mas como só pensara no tal ariano, já espero que não tenha outro assunto a não ser o loirão.

Em uma tarde de quinta, começa a chover. Mas continuava o calor, uma chuva que trazia as pererecas para o meio da rua. Achavam que fazia parte do seu pântano. Felizes da vida, pulavam de baixo dos vestidos das mulheres, mal sabendo o quão bom era aquela ação perspicaz. Bárbara surge entre esse festejo anfíbio-anuro depois de semanas sem dar as caras. Estava sentada na esquina, mas não parecia estar pensando no seu bófe, quando Bárbara pensa em um homem, sua expressão muda, não parecia tão foguenta assim hoje.

Na verdade, Bárbara estava de olhos fechados. Para quem passava na rua, achava que estaria ali, depois de uma noite inteira de orgia e muito álcool, como sempre fazia, curtindo a chuva e sua enxaqueca rotineira. Por isso, era seu desejo bebê-la por inteiro e era dela, a lembrança era apenas dela. E lá ela ficou, suportou toda a chuva em seu corpo como suportou as chicotadas de um rapaz viril, as chicotadas do amor utópico.

Mais dias se passaram sem que eu pudesse ver Bárbara. Sem que eu pudesse me deparar com ela saindo de sua casa. Quando acordei, pude ver novamente seu mau humor, que por costume, surge sempre que não consegue um "happy hour" ao seu estilo com alguém, no caso o tal alemão da rua de baixo. E lá está a minha Bárbara, que vive mau humorada e de ressaca, na qual nunca consigo tirar uma lasquinha.

E voltei a sorrir.




Texto original: Bárbara Apaixonada

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